De acordo com
o Índice de Diversidade de Género 2020
Portugal na cauda da Europa relativamente à percentagem de
mulheres em lugares de gestão de topo
Portugal
está em 13º no ranking europeu, dentro do grupo de 16 países com empresas
cotadas no STOXX Europe 600;
Apenas
três (25%) empresas portuguesas cotadas (CTT, Jerónimo Martins e F. Ramadas
Investimentos) têm um Índice de Diversidade
de Género superior à média;
28% dos líderes em funções executivas e não executivas nas 668 empresas
analisadas na Europa são mulheres;
As mulheres representam apenas 34% de todos os membros da administração nas empresas europeias analisadas. A situação é pior a nível executivo, onde as mulheres representam apenas 17% de todos os líderes, no entanto, as empresas beneficiariam claramente da mistura.
Lisboa, 26 de janeiro de 2021 – O Gender
Diversity Index 2020 (GDI), o estudo que
analisa a representatividade de género nos conselhos de administração e nos cargos executivos das maiores
empresas europeias, revela que as 600 empresas registadas no STOXX Europe
de 16 países europeus, incluindo Portugal, têm progredido, embora lentamente,
relativamente à igualdade de género. Contudo o estudo apresenta grandes
disparidades quando se observa individualmente cada país. Os resultados deste
estudo acabam de ser anunciados no contexto do Gender Equality Awards 2020,
evento que conta com a Professional
Women’s Network Lisbon (PWN Lisbon) como parceiro estratégico em Portugal.
As empresas cotadas em bolsa da
Noruega, França, Reino Unido, Finlândia e Suécia estão mais próximas de ter uma liderança equilibrada em
termos de diversidade de género com as mulheres a assumirem cargos de
gestão de topo. Mas as empresas da Polónia e da República Checa estão longe de
ser equilibradas nas suas escolhas de liderança.
Portugal está em 13º no ranking,
dentro dos 16 países do STOXX Europe 600 abrangidos nesta análise. Com uma pontuação de 0,44 no
Índice de Diversidade de Género (IDG), que permite comparar países e empresas, esta pontuação é 0,12 pontos abaixo da média europeia e 0,30
pontos abaixo do ranking dos 45 melhores países. Portugal tem uma pontuação
inferior à média em quase todos os indicadores do índice, com pontuações
especialmente baixas para a percentagem de mulheres com cargos executivos de gestão (14%) e mulheres em
comités (21%), mais de 15% atrás do país com a pontuação mais alta.
Nenhuma das empresas analisadas
em Portugal tem uma directora executiva feminina, enquanto 6% das empresas têm
uma mulher no conselho de administração. Apenas três (25%) empresas portuguesas
(CTT, Jerónimo Martins e F. Ramadas Investimentos) têm um Índice de
Diversidade de Género superior à média. Além disso, quatro (33%) das empresas
têm um índice inferior a 0,40. Duas das cinco maiores empresas de
Portugal, a Corticeira Amorim e a Galp Energia, têm um IDG que é inferior ao
GDI médio em 0,04 e 0,05 pontos, respetivamente. A classificação máxima da
empresa em Portugal, CTT, também não tem mulheres na liderança do conselho de
administração, embora representem 60% dos cargos de direção e do comité de gestão.
Existem três empresas portuguesas que estão
incluídas no ranking de diversidade de género de 2019 e de 2020, sendo que destas:
2 melhoraram a sua pontuação no último ano;
1 (Jerónimo Martins) viu a sua pontuação diminuir
desde 2019;
A
maior melhoria foi registada pela empresa EDP Energias de Portugal.
O Gender Diversity Index 2020 analisa
a participação das mulheres na governação empresarial nas maiores empresas
europeias que estão cotadas no índice STOXX 600 Europe ou, em alguns países,
nos índices das bolsas de valores nacionais. Analisando 2020, observa-se que a
igualdade de género na liderança empresarial ainda está longe da realidade:
28% dos líderes empresariais em funções executivas e não executivas nas
668 empresas analisadas são mulheres;
As mulheres representam apenas 34% de todos os membros da administração
nas empresas analisadas;
A situação é pior a nível executivo, onde as mulheres representam apenas
17% de todos os líderes, no entanto, as empresas beneficiariam claramente da
mistura;
Apenas 42 (6%) das 668 empresas analisadas têm
uma mulher CEO. Apenas 130 (19%) das empresas têm uma mulher em pelo menos um
destes cargos: CEO, COO ou CFO;
Ao
mesmo tempo, verifica-se uma tendência nas empresas que já se encontram
relativamente bem nos indicadores analisados, onde estão a melhorar a presença
de mulheres aos níveis mais elevados. Por outro lado, as empresas na parte
inferior do ranking estão a fazer progressos mínimos, se é que alguma, está a
progredir.
A Presidente da European Women on Boards - iniciativa estratégica que
identifica mulheres com o perfil, o percurso e as competências com maior
adequação ao desempenho de cargos de gestão de topo, no público e no privado -,
Päivi Jokinen, destaca que “O número de mulheres CEOs aumentou de 28 para 42, o número de empresas
com uma quota feminina de 99 para 129, e as
mulheres nos conselhos de administração representam agora 9% em comparação com
os 7% em 2019. O GDI médio aumentou de 0,53 para 0,56 e o número de empresas
com um GDI superior a 0,8 duplicou de 30 para 62, o que revela haver um progresso
da diversidade de género na Europa empresarial.
"As
mulheres são um grupo-alvo importante para as empresas, as suas necessidades e
perceções podem muitas vezes ser muito diferentes das necessidades e perceções
dos homens. Num ambiente heterogéneo com maior diversidade de pensamento, as
perspetivas são alargadas e os riscos empresariais diminuem. Ao utilizar toda a
força de trabalho com toda a sua capacidade, a Europa pode assegurar a sua
competitividade na economia global", reforça Päivi Jokinen.
O
Gender
Diversity Index 2020 analisou ainda o impacto da pandemia da COVID-19, que, a
par da saúde, prejudicou o bem-estar e o equilíbrio entre a
vida profissional e familiar de muitos empregados, expondo muitos a
despedimentos ou a medidas de desemprego temporário. As mulheres foram as mais
afetadas pela perda de postos de trabalho, mas também sofreram um maior stress
por terem de combinar o trabalho doméstico com o acompanhamento escolar em casa
e outras tarefas familiares. Como consequência, as desigualdades nas sociedades aprofundaram-se.
A PWN Lisbon,
organização sem fins lucrativos integrada na PWN Global, é em Portugal o
parceiro e dinamizador do evento internacional Gender Equality Awards 2020 onde foram divulgados os resultados do “Gender
Diversity Index 2020”. O relatório integral está disponível para consulta
através deste link e os dados relativos a Portugal, podem ser consultados
através deste link.
A
União Europeia considera que as principais razões para a sub-representação das
mulheres nos processos e posições de decisão são os tradicionais papéis e
estereótipos de género, a falta de apoio às mulheres e aos homens para lhes
permitir equilibrar as responsabilidades de cuidados com o trabalho, e as
culturas políticas e empresariais prevalecentes. Para além de várias
cooperações estratégicas com governos, parceiros sociais, ONGs e empresas, a
Comissão Europeia tem promovido ativamente o equilíbrio de género nos conselhos
de administração de empresas com legislação em 2012 destinada a aumentar o
número de mulheres nos conselhos de administração de empresas em 40% em
empresas cotadas em bolsa. Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão
Europeia, estabeleceu a igualdade como uma das prioridades centrais do seu
mandato e do da sua equipa de Comissários, o que inclui uma clara focalização
na igualdade de género. Ao mesmo tempo, o Parlamento Europeu reabriu o debate
sobre a tomada de medidas regulamentares para aumentar a participação das
mulheres na liderança empresarial, uma vez que muitos membros do Parlamento
Europeu consideram que as medidas voluntárias são insuficientes.
A nível de países individuais,
alguns governos já puseram em prática medidas para promover a diversidade nos
conselhos de administração das empresas. Estas podem ser medidas regulamentares
- nomeadamente, quotas obrigatórias (que existem na Noruega, Bélgica, Alemanha,
França e Itália) - ou medidas brandas, tais como quotas sem sanções ou que só
são aplicáveis a empresas públicas (na Dinamarca, Irlanda, Grécia, Espanha,
Luxemburgo, Holanda, Áustria, Polónia, Portugal, Finlândia, Suécia e Reino
Unido).
Sobre a European Women on Boards (EWoB)
A
EWoB é uma associação sem fins lucrativos com sede em Bruxelas que se concentra
na promoção da igualdade de género no processo de decisão europeu. Para além da
realização de investigação sobre diversidade de género nas maiores empresas
europeias, divulgam as melhores práticas sobre políticas e medidas de
governação empresarial que favorecem a diversidade de género, contribuem para o
desenvolvimento e empoderamento das mulheres que são candidatas a cargos de direção
e executivos de topo, formam, orientam e dão apoio. Em suma, a European Women
on Boards é uma rede única de líderes femininas experientes e em constante
crescimento.
A
Professional Women’s Network Lisbon (PWN Lisbon), formalmente constituída em
2011, consiste numa organização sem fins lucrativos integrada na PWN Global,
com a missão de promover o desenvolvimento profissional das mulheres em todas
as suas etapas, através de práticas reconhecidas a nível internacional,
nomeadamente programas de formação em liderança e mentoring, investigação
e desenvolvimento da rede de influência e partilha de modelos de excelência. A
PWN Lisbon conta, atualmente, com mais de 300 membros ativos, entre mulheres e
homens, de diferentes faixas etárias e com total diversificação de funções,
setores e culturas. Alinhada com o seu objetivo de liderar a definição e
implementação de iniciativas inovadoras no acompanhamento contínuo e na
promoção das mulheres nas suas carreiras, a PWN Lisbon dinamiza um conjunto de
programas inovadores – Liderança, Mentoring, Women on Board, Engaging Men e
Youth –, pequenos-almoços de networking, workshops e iniciativas
de role model com personalidades femininas e masculinas de
referência nos mais diferentes setores do tecido empresarial português.
Sobre o Programa Women On Boards
Antecipando
a aprovação da lei (2018) que definiu que as empresas públicas e as cotadas
passassem a cumprir 33,3% de cargos femininos nos Conselhos Administração e nos
órgãos de fiscalização, a PWN Lisbon lançou em fevereiro de 2017 o programa Women
on Board (WoB), demonstrando a relevância desta temática. Em linha com
as melhores práticas já testadas na PWN Global e seguindo a visão da União
Europeia no processo de aceleração das mulheres na liderança, o WoB surgiu como
uma iniciativa estratégica para identificar mulheres com o perfil, o percurso e
as competências com maior adequação ao desempenho de cargos de gestão de topo,
no público e no privado. Este programa da PWN Lisbon conta hoje com mais de 60
executivas seniores. Através deste programa, é possível criar sinergias e
potenciar o encontro entre as profissionais e as organizações, com benefício
para o tecido empresarial e a sociedade portuguesa no global. O programa está
orientado, pois, para a retenção do talento, na ótica organizacional, e para a
integração de programas de desenvolvimento profissional exclusivos e o acesso
aos stakeholders mais relevantes, na ótica das profissionais destacadas.
Sobre
a PWN Global
A
Professional Women’s Network (PWN) é uma organização sem fins lucrativos
nascida em Paris, em 1991, do espírito inquieto, visionário e empreendedor da
mulher de Alain Minc, conselheiro do então Presidente da República de França,
François Mitterand. Ancorada numa preocupação estratégica com a desigualdade de
oportunidades profissionais da França da década de 1990, a PWN logo se
posicionou para a implementação de iniciativas inovadoras no acompanhamento
contínuo e na promoção das mulheres nas suas carreiras, contribuindo para a
construção de uma sociedade mais diversa e justa.
Com
um crescimento sempre dinâmico, é formada por mais de 4 mil membros de 90
nacionalidades e encontra-se presente na Europa, no Médio Oriente, na Ásia e na
América do Sul, com representação em cidades como Paris, Amesterdão, Bruxelas,
Londres, Copenhaga, Oslo, Dublin, Frankfurt, Istambul, Bucareste, Madrid,
Barcelona, São Paulo, Dubai, Kuala Lumpur ou, claro, Lisboa. Anualmente,
organiza cerca de 600 iniciativas de formação e networking, divulgando
regularmente estudos e publicações com contributos reconhecidos na temática do
género.
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