Mensagem do 17 de outubro 2020
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
O ano 2020 é um ano atípico em muitos sentidos. A pandemia que atravessa
o mundo levou a questionar escolhas individuais e coletivas e levou a repensar
o mundo tal como o conhecíamos. Levou a questionar o nosso lugar no mundo, o
nosso propósito, a nossa missão individual.
O ano 2020 será para sempre lembrado como um ano de mudanças, de dúvidas,
de desafios, mas também de esperança e
resiliência. Acreditamos que esta situação de crise sanitária, económica e
social pode fazer nascer um novo paradigma. O paradigma do Ser, dos Valores, da
Ética, da Igualdade e da Justiça Social. Pode ser uma oportunidade para
caminharmos juntos para uma realidade mais fraterna e menos egocêntrica. Todos
precisamos de Todos e nem mesmo as grandes potenciais mundiais estão a salvo
deste perigo global. A União de esforços, de saberes, de vontades tem sido
usada para encontrar a vacina contra a pandemia. A União pode e deve ser
replicada noutros domínios da vida social e económica, nomeadamente, na Luta
Contra a Pobreza.
A resposta da União Europeia a esta crise revela que a solidariedade
entre os povos continua a ser a bandeira da Europa. Saibamos agora utilizar
esta ajuda financeira para apoiar áreas chave como a saúde, a ação social, a
habitação, o emprego, a educação. Para isso será
fundamental a coordenação e coerência das políticas públicas.
Sabemos
que as situações mais gravosas atingem sobretudo os mais desfavorecidos. A
pandemia da COVID-19 colocou em evidência a crise sistémica que atravessávamos
há décadas, aprofundando as desigualdades estruturais pré-existentes
de natureza diversa (económicas, sociais, de género, etc.). Agora é tempo de apostar
em mecanismos e estratégias que
permitam prevenir e colmatar situações de pobreza, através da implementação de
uma Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza que possua
recursos e instrumentos suficientes e que seja capaz de envolver todos os
atores neste mesmo propósito. Agora mais do que nunca precisamos que este
compromisso se concretize. Precisamos de consensos que favoreçam esta mesma concretização
e não podemos deixar ninguém para trás.
Sabemos que os mais pobres sentem os efeitos da pandemia de forma mais aguda,
porque não se podem proteger devidamente, porque não possuem um rendimento
adequado, porque não possuem habitação condigna, porque exercem atividades com
maior risco e exposição e que são essenciais para o funcionamento da sociedade.
Defendemos
um rendimento adequado para todos os cidadãos quer estes estejam dentro ou fora
do mercado de trabalho. Só assim poderemos enfrentar esta crise de uma forma
mais igualitária. Não conseguiremos ter uma sociedade
saudável, capaz de crescer, de criar emprego e riqueza se não cuidarmos de todos
os cidadãos. Se não acautelarmos o futuro das nossas crianças, se não
acautelarmos a qualidade de vida dos nossos idosos, se não pensarmos na
proteção das famílias com filhos a cargo muitas delas numerosas e/ou
monoparentais, na integração das pessoas com deficiência, na integração das
minorias, permaneceremos com uma sociedade desigual, incapaz de lutar pela
defesa dos direitos fundamentais.
É importante que este ano represente um ano de aprendizagem em todos os
setores de atividade, para todos os atores socioinstitucionais, para todos os cidadãos. Esperamos ser capazes de
caminhar juntos no sentido certo: o sentido de uma maior
justiça e equidade social. Para isso precisamos de mobilizar toda a
sociedade e precisamos de coragem
e responsabilidade por parte dos nossos decisores
políticos!
Para
alcançar este objetivo precisamos de um novo sistema económico e social, onde
as noções normativas de liberdade, a expansão das capacidades humanas, o
cuidado, a equidade social e de género sejam tão importantes quanto a
sustentabilidade económica. Acreditamos e temos o sentido da urgência, da
necessidade de contruir um novo modelo que coadune os aspetos ambiental, económico
e social, e que no seu planeamento considere tanto a qualidade de vida das
gerações presentes quanto a das futuras.
17 de outubro 2020
Comentários
Enviar um comentário