Boa prática em matéria de envelhecimento ativo reconhecida no âmbito da iniciativa Smart to-do, Ageing Summit 2018


[Paula Cruz, socióloga]

Paula Cruz, socióloga que coordenou o projeto, explica o que está em causa e porque não devemos infantilizar os mais velhos



“Fóruns sobre Envelhecimento Positivo: O que pensam e o que dizem as pessoas idosas sobre o Envelhecimento”, acaba de ser reconhecido como uma boa prática pela Santa Casa da Misericórdia do Porto no âmbito da iniciativa Smart to-do, Ageing Summit 2018,  “pelo seu carácter inovador, propondo uma nova solução que permite potenciar a qualidade de vida da população sénior. Através da informação apresentada foi possível validar o potencial de impacto social e resultados alcançados pela boa prática”. A Focussocial foi saber qual a informação apresentada e falou com a socióloga que coordenou a iniciativa, percebendo, no imediato que “participar” é o verbo a conjugar contra a infantilização da população idosa que é tratada, muitas vezes, como se não tivesse vontade própria nem fosse capaz de pensar ou dizer, apesar da idade avançar, o que quer para a sua vida. Às vezes, este é um terreno onde tem que se caminhar em constante equilíbrio, com a maior dose de sensatez possível, pois a fronteira entre o ser carinhoso com uma pessoa mais velha e o de, num ápice, com um mero diminutivo, lhe retirar todas as suas capacidades, é muito ténue.
Falamos com Paula Cruz, socióloga do departamento de Investigação e Projetos da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal (EAPN Portugal) que, conjuntamente com Alice Delerue Matos, docente e investigadora da Universidade do Minho e com as sociólogas Cátia Azevedo e Isabel Amorim, da EAPN Portugal realizaram um estudo, através da realização de fóruns, onde se percebe que a noção de “envelhecimento positivo” tem de ser colocada em prática por familiares, técnicos, instituições, sociedade em geral. O objetivo passou por identificar um conjunto de recomendações que visem a promoção de um envelhecimento positivo e de qualidade, pretendendo revelar a perceção de pessoas idosas relativamente ao envelhecimento positivo e o que elas consideram fundamental para garantir esse envelhecimento e, ainda, delinear um conjunto de propostas de intervenção que possam ser colocadas em prática do ponto de vista político com vista a promover um envelhecimento saudável e combater os estereótipos associados às pessoas idosas, garantindo a promoção de uma atitude positiva relativamente ao envelhecimento e às pessoas idosas.

Para o efeito foram dinamizados 32 fóruns, em nove distritos do país, promovidos pelos respetivos Núcleos Distritais da EAPN Portugal, envolvendo mais de 800 pessoas, com mais de 55 anos, não institucionalizadas, que participaram de forma voluntária. A opção pela mobilização da participação das pessoas com 55 e mais anos prendeu-se com a necessidade de ouvir pessoas que ainda estivessem a trabalhar, ou em fase de transição para a reforma e pessoas já reformadas. Por sua vez, a opção por envolver pessoas não institucionalizadas prendeu-se com a necessidade de garantir que as pessoas conseguissem expressar o que queriam para o seu envelhecimento e para as outras pessoas da sociedade, que fosse para além do que uma instituição consegue garantir. “Podemos assumir que esta opção é uma limitação deste projeto, mas gostaríamos mais de considerar que se trata de um projeto piloto que ilustra, antes de tudo, que as pessoas mais velhas são capazes de defender o que querem para as suas vidas”, diz Paula Cruz, acrescentando que “ esta auscultação das pessoas mais velhas pode ser replicada em contexto institucional pelo que deixamos aqui este desafio para projetos futuros”.


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