Biblioterapia aplicada a idosos



FOCUSSOCIAL  Junho 2015


Biblioterapia aplicada a idosos

Um desafio para as Bibliotecas Públicas e para as Instituições Particulares de Solidariedade Social em Portugal

“Há palavras que nos beijam 
como se tivessem boca. 
Palavras de amor, de esperança, 
de imenso amor, de esperança louca.(…)”
Alexandre O'Neill
in “No Reino da Dinamarca : obra poética 1951-1965”
Lisboa, Guimarães Editores, imp. 1974. p. 50
Ao longo dos anos, as bibliotecas públicas têm vindo a assumir vários papéis, desde fortalecer os hábitos de leitura, promover o conhecimento sobre a herança cultural, assegurar o acesso dos cidadãos à informação, até apoiar, criar e participar em programas e atividades de instrução para os diferentes grupos etários.
Porém, as atividades de promoção e animação da leitura nas bibliotecas públicas portuguesas têm estado focadas maioritariamente no público em idade escolar. Os espaços de leitura destas bibliotecas são frequentemente usadas como salas de estudo por jovens e as atividades de promoção da leitura são na sua maior parte dirigidas a crianças, ocupando a “Hora do Conto” um lugar central nas mesmas.
Apesar de meritórias e necessárias, tais atividades não chegam a uma franja da população que é cada vez mais representativa na sociedade moderna: a população idosa. Em Portugal (que acompanha, a este nível, o padrão comunitário) tem-se vindo a registar ao longo das últimas décadas um fenómeno de envelhecimento demográfico, em consequência do aumento da longevidade, dos baixos níveis de fecundidade e também do crescimento dos fluxos emigratórios. Face a este fenómeno, grandes desafios são colocados à sociedade, sendo pertinente refletir sobre questões como a idade da reforma, os meios de subsistência e também a qualidade de vida dos idosos.
Numa altura em que, através do Programa da RBE - Rede de Bibliotecas Escolares,se conseguiu dotar uma grande parte das escolas de bibliotecas modernas, com professores bibliotecários responsáveis pela gestão desses equipamentos, as bibliotecas públicas não devem continuar a investir maioritariamente em atividades dirigidas ao público em idade escolar.
As bibliotecas públicas e os bibliotecários poderão e deverão ter um papel preponderante na realização de atividades junto do público acima dos 65 anos, concretamente na aplicação da Biblioterapia a esse público.
A Biblioterapia é um termo usado para denominar uma terapia específica e que etimologicamente é constituído pelas palavras de origem grega “βιβλιο” e “θεραπε?α”(1). Biblio, que significa livro, refere-se neste caso a todo o tipo de material bibliográfico ou passível de leitura e terapia significa cura ou restabelecimento, podendo também ser entendida como prevenção. Desta forma, a Biblioterapia pode ser definida como uma terapia por meio de livros, sendo uma prática que utiliza a leitura para auxiliar indivíduos a lidarem com os seus problemas físicos e psicológicos.
Amplamente difundida em vários países, como os Estados Unidos da América e o Brasil, a aplicação da Biblioterapia em Portugal ainda está a dar os primeiros passos.
Alguns artigos já estão a ser colocados on-line. Fique com este excerto de um artigo de opinião de Carmen Zita Ferreira, que pode continuar a ler AQUI

Fotografia da capa: Manuel Roberto