Nota Editorial
O combate à pobreza e à exclusão social não é
apenas da responsabilidade das organizações sociais e dos seus profissionais,
mas também da sociedade em
geral. Esta perspectiva implica a promoção de uma cidadania
ativa, do envolvimento e participação de todos, designadamente daqueles que
vivenciam estas situações. De acordo com os seus estatutos, a EAPN Portugal “procura sempre que possível desenvolver atividades
que envolvam os próprios visados, no sentido de garantir que a sua participação
é efetiva e uma garantia de que os resultados do nosso trabalho são o espelho
das suas preocupações e necessidades concretas.”
Neste contexto a EAPN Portugal tem apostado em
metodologias que favoreçam e ativem o envolvimento das comunidades ciganas no
sentido de garantir uma participação efetiva e organizada na definição dos seus
processos de inclusão: “Intervir para eles mas, e acima de tudo com eles…”.
Assim,
esta publicação surge no sentido de dar voz aos jovens ciganos que enfrentam grandes
desafios fruto das mudanças que se verificam na sociedade atual e na
necessidade de garantir a sua identidade cultural. Estes atores são
elementos-chave na inclusão das comunidades ciganas, apostando na
interculturalidade e em valores como a igualdade e a solidariedade.
Este
guia constitui um instrumento importante para os jovens ciganos obterem
consciência do seu papel no combate à pobreza e exclusão e na construção de uma
sociedade mais inclusiva. Uma sociedade que promova o respeito pela diversidade
cultural permitindo, de uma vez por todas, o exercício de uma cidadania plena e
a dignidade de todos os cidadãos. Pretendemos, igualmente, que o presente guia
seja uma mais-valia e um recurso para os diversos profissionais que trabalham
com os jovens no sentido de construir novos espaços de participação e de
cidadania. Espaços que devem respeitar as diferenças e promover as condições
que permitam a estes jovens realizarem aprendizagens e o seu próprio percurso
de inclusão.
Agradecemos, desde já, à Fundación
Secretariado Gitano pela colaboração, disponibilidade e oportunidade em
apresentar este guia em Portugal, visto que valoriza e promove uma verdadeira cultura
de participação.
Com pequenos passos, a EAPN Portugal pretende
contribuir para uma sociedade verdadeiramente intercultural, reconhecendo e
respeitando a identidade cultural dos cidadãos e promovendo o envolvimento e a
implicação de todos os intervenientes! Sabemos que os desafios são muitos, mas
é necessário transformar estes desafios em oportunidades. Enfrentá-los implica mudanças
tanto no modo como as orientações estratégicas são concebidas como as práticas
de intervenção são desenvolvidas. Mudanças que são decisivas e fundamentais se
queremos realmente uma sociedade multicultural e intercultural, uma sociedade mais
justa e inclusiva.
Pe.
Agostinho Jardim Moreira
Presidente
da EAPN Portugal