Ludo Horemans
“ajuda financeira deve ser prestada com base na solidariedade com as pessoas, não com os mercados”
“ajuda financeira deve ser prestada com base na solidariedade com as pessoas, não com os mercados”
No momento em que a troika acaba de negociar um novo programa de resgate para a Grécia, a EAPN enviou uma carta a Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (CE), com conhecimento aos diretores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE), pedindo decisões tomadas com base na solidariedade com as pessoas e não com os mercados. De acordo com as diretrizes da Estratégia Europa 2020, a carta define cinco ações urgentes a concretizar em todos os Estados-membro da União Europeia alvo de ajuda financeira. Estas ações visam reverter os ataques sistemáticos que têm sido feitos aos direitos sociais.
A Análise Anual do Crescimento, observada pela Comissão Europeia, confirma que as medidas de austeridade tem tido um impacto negativo sobre as taxas de crescimento, emprego e pobreza e, por esta razão, foi incluída uma nova prioridade social, que visa lutar contra o desemprego e as consequências sociais da crise. «No entanto, as medidas tomadas contradizem totalmente esta decisão, pois os países que estão a receber ajuda financeira são, em primeiro lugar, obrigados a aceitar as condições que estão a devastar as suas infraestruturas sociais. E de acordo com as orientações da CE para os novos Programas Nacionais de Reforma (PNR), os países que estão a ser resgatados ficam isentos de desenvolverem PNRs e de efetuarem uma monitorização do seu progresso em termos de objetivos sociais, o que significa que a UE só se preocupa com o desempenho macroeconómico e não com o impacto sobre as pessoas», explica Ludo Horemans, presidente da EAPN.
«Verifica-se uma dupla penalização sobre esses países e são as pessoas, especialmente as que têm baixos rendimentos, as mais afetadas. Isto revela o desprezo pelos compromissos assumidos relativamente à redução da pobreza no âmbito da Europa 2020. Por isso, apelamos à Comissão e à União Europeia que tome medidas imediatas para assegurar que os acordos com a troika parem de gerar ainda mais pobreza. A integridade e o futuro da Europa social estão em jogo», disse Ludo Horemans.
As cinco ações propostas pela EAPN
1) Os países que recebem apoio económico devem receber tratamento igual perante a “Europa 2020”. Todos devem produzir PNRs, registando o progresso em relação às metas, com recomendações específicas por país.
2) Todos os PNRs deverão ser obrigados a garantir que as medidas de austeridade fiscal deixem de atingir desproporcionalmente as pessoas em situação de pobreza.
3) Todos os PNRs, a nível nacional, deverão envolver ativamente a sociedade civil e outros parceiros, em todas as fases do seu desenvolvimento.
4) Deve ser designada uma delegação específica da Comissão Europeia / Comité de Proteção Social para trabalhar com os países que recebem ajuda económica e monitorização por parte da CE,FMI e do BCE, no sentido de garantir que as condições impostas a esses países não resultem no aumento da pobreza.
5) Todos os Estados-membros, incluindo os países que recebem ajuda económica, devem receber pelo menos uma recomendação específica sobre os progressos alcançados em relação à meta de redução da pobreza.
A carta enviada ao presidente da Comissão Europeia pode ser consultada
aqui
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