Conclusões do Webinar “Década do Envelhecimento Saudável: que desafios para 2021-2030?”


Conclusões do Webinar 

“Década do Envelhecimento Saudável: que desafios para 2021-2030?” 

 « Em 2002, o paradigma dominante sobre envelhecimento reportava-se a dois instrumentos políticos. Por um lado, à Declaração Política e Plano de Ação Internacional de Madrid sobre Envelhecimento (Assembleia Geral das Nações Unidas, 2002) e, por outro lado, ao documento Envelhecimento Ativo: Enquadramento Político (OMS, 2002). O envelhecimento ativo era, então, definido como “processo de otimização de oportunidades para a saúde, participação e segurança de modo a assegurar a qualidade de vida (QdV) dos indivíduos à medida que envelhecem”. A estes três pilares, foi acrescentado mais tarde o pilar da aprendizagem ao longo da vida. Os quatro pilares contribuíam, na perspetiva da OMS, para a qualidade de vida dos indivíduos à medida que envelhecessem. O balanço de década e meia de envelhecimento ativo não é assim tão positivo a nível mundial, na medida em que os sistemas de saúde são voltados para a resolução de situações agudas mais do que crónicas, as políticas de saúde não têm em conta os desafios de sociedades cada vez mais envelhecidas, o acesso das pessoas idosas à saúde não é universal e há falta de atenção ao desenvolvimento/ manutenção da capacidade funcional das pessoas idosas (Fonte: Relatório da ONU sobre 130 países). 

Evidenciam-se dez factos sobre envelhecimento e saúde. (i) A população mundial está a envelhecer rapidamente. O envelhecimento entre alguns países europeus e outros países do mundo é abismal. Os ritmos de envelhecimento demográfico e as mudanças necessárias às exigências implícitas em termos de condições, serviços e recursos de vida são variáveis2 . (ii) Há poucas provas de que as pessoas mais velhas estejam hoje em melhor saúde do que os seus pais. Há prevalência das limitações menos severas, mas a capacidade funcional não se alterou significativamente. A longevidade é hoje muito maior, mas ainda existem enormes desigualdades quanto a estimativa de anos de vida saudável aos 65 anos. Em Portugal, por exemplo, os homens podem esperar viver saudavelmente apenas quase 8 anos e as mulheres 7 anos aos 65 anos. Já na Suécia, este valor para os homens é de 16 anos e para as mulheres de 17. Existe, portanto, ainda um longo caminho a percorrer em Portugal. (iii) Os problemas de saúde mais comuns em idades avançadas são as doenças não transmissíveis. 

As principais causas de morte são, no momento, as doenças cardíacas, pulmonares crónicas, entre outras. Há um crescimento de doenças incapacitantes (coluna, etc.), nas quais se incluem também as demências. (iv) Em termos de saúde, as pessoas idosas são uma população muito heterogénea. (v) A saúde em idades avançadas depende de uma multiplicidade de fatores (ambientais, sociais, etc.). (vi) O idadismo poderá estar hoje mais difundido do que o sexismo e o racismo. Tem graves consequências tanto para as pessoas mais velhas como para a sociedade em geral. De acordo com documentos da ONU, esta discriminação pode assumir formas tão agudas que hoje se considera poder estar mais difundida que a discriminação em função do género ou o racismo. (vii) Um ação global de saúde pública exige uma mudança na forma de encarar a saúde e o envelhecimento. (viii) Os sistemas de saúde precisam de se pautar pelas necessidades das pessoas idosas, que frequentemente têm múltiplas doenças crónicas. (ix) Todos os países precisam de um sistema integrado de saúde e que preste cuidados de saúde continuados quando são necessários, de modo a maximizar a capacidade funcional das pessoas mais velhas mas também assegurar a sua autonomia e dignidade. (x) O envelhecimento saudável exige o envolvimento de todos os níveis e setores de governação, ou seja políticas de combate à pobreza, saúde, trabalho, habitação, envelhecimento saudável, etc. (...) »


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