A inclusão das comunidades ciganas, em debate, durante dois dias, no Porto


"Há 20 anos que a EAPN Portugal trabalha com a comunidade cigana pois é a mais desfavorecida quer a nível nacional, quer a nível europeu", explica a socióloga Maria José Vicente.
 
 
Subordinado ao tema “A Inclusão das Comunidades Ciganas: desafios, oportunidades e compromissos” decorre amanhã e depois, no Instituto Superior de Serviço Social do Porto, um Seminário Ibérico, organizado pela EAPN Portugal/ Rede Europeia Anti-Pobreza.


«Há 20 anos que a EAPN Portugal trabalha com a comunidade cigana pois é a mais desfavorecida quer a nível nacional, quer a nível europeu, explica Maria José Vicente, socióloga da Rede Europeia Anti-Pobreza, acrescentando que «apresentar a situação atual das comunidades ciganas na Península Ibérica, identificando estratégias de intervenção e refletir esta problemática à luz da Estratégia Europeia 2020, é o grande objectivo desta iniciativa que visa, também, promover a reflexão sobre as principais dificuldades de inclusão e apresentar um conjunto de estratégias que serão entregues ao Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).

Maria José Vicente apresentará o plano estratégico do Centro de Recursos de Intervenção nas Comunidades Ciganas da EAPN Portugal possui, fruto do trabalho de duas décadas com esta comunidade, e que entrará em vigor entre 2012-2015. Por seu lado, Sandra Araújo, diretora executiva da EAPN Portugal explicará o porquê da necessidade de um Plano Nacional de Inclusão para as Comunidades Ciganas. «É imperativo que demos o nosso contributo para definir políticas e medidas mais ativas de inclusão social, não nos restringindo a politicas e a projetos avulsos e pontuais, sem continuidade ou sustentabilidade. Esta situação tem provocado frustração e algum desânimo nestas comunidades e, até, em alguns técnicos», diz Sandra Araújo.

São necessárias medidas e politicas integradas, articuladas entre as diferentes áreas de intervenção (educação, saúde, habitação, justiça, emprego e formação profissional, entre outras), incluídas numa estratégia direcionada para as reais necessidades destas comunidades, essencialmente, medidas que promovam o acesso aos principais bens e serviços e que promovam a igualdade de oportunidades.

Para além do combate a estereótipos, preconceitos e situações de discriminação, é urgente definir medidas que promovam o acesso à educação; melhores condições de habitabilidade e de desmantelamento de bairros segregados e desfavorecidos; o acesso e a qualidade de saúde; estratégias de inserção no mercado de emprego através da formação e da eliminação das representações negativas existentes por parte das entidades empregadoras.

A EAPN Portugal entende que o combate à exclusão social só é possível se incidir num processo global e multidimensional dos factores de exclusão e incidir nos valores de cidadania, da igualdade, do respeito pelo outro e na dignidade humana.

Maria José Vicente explica, ainda, que é necessário conhecer estas comunidades visto que não existe em Portugal um estudo sociológico sobre as comunidades ciganas. Este facto conduz, por um lado, a uma quase invisibilidade do fenómeno nas diferentes instâncias decisoras e nos instrumentos de política social e, por outro lado, conduz a uma inadequação das medidas e ações que visam a inclusão social e a eliminação de práticas discriminatórias.

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