DECLARAÇÃO DA EAPN EUROPA SOBRE A ANÁLISE ANUAL DO CRESCIMENTO


DECLARAÇÃO DA EAPN SOBRE

A ANÁLISE ANUAL DO CRESCIMENTO


Reforço dos direitos sociais e da participação, necessário para reequilibrar os objetivos económicos e sociais!

A Comissão Europeia adotou a Análise Anual sobre o Crescimento de 2019 (AGS) como parte do Pacote de Outono. A EAPN está a participar ativamente no "Semestre Europeu", a nível nacional e europeu, assumido como o principal processo da UE para a coordenação económica e social, a fim de reduzir a pobreza, a exclusão social e implementar o Pilar dos Direitos Sociais. Em outubro, a EAPN enviou uma carta ao Presidente Juncker [1], referindo os 6 principais passos para a mudança, de forma a que sejam obtidos resultados concretos em matéria de redução da pobreza no contexto do Semestre Europeu. Nas próximas semanas faremos uma auscultação junto dos nossos membros sobre o Pacote completo do Outono.

A AGS 2019 revela progressos? A nossa resposta inicial é que a AGS 2019 dá alguns passos positivos para aumentar o foco nos direitos sociais e melhorar a participação da sociedade civil, mas não consegue reequilibrar os objetivos económicos e sociais ou dar-nos uma orientação concreta para cumprir todos os direitos sociais do Pilar Europeu, no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A fim de construirmos uma Europa livre de Pobreza, sabemos que compromissos políticos de alto nível como o Pilar dos Direitos Sociais, os ODS e a meta de redução da pobreza da Estratégia Europa 2020 devem ser traduzidos em ações concretas capazes de gerar mudanças significativas com impacto na vida dos que são afetados pela pobreza. A EAPN está preocupada que a AGS não dê respostas concretas a 113 milhões de pessoas que ainda vivem em situação de pobreza e que esperam que a UE cumpra as suas promessas e compromissos políticos neste domínio.



EAPN acolhe com agrado:
  • a ênfase no reforço da dimensão social e da convergência ascendente das condições de vida e de trabalho e o compromisso de “transformar o Pilar Europeu dos Direitos Sociais em ação” a nível nacional e europeu.
  • o reconhecimento de que o crescimento não beneficiou todos de igual forma e que os altos níveis persistentes de desigualdade são um grande desafio.
  • que, embora a pobreza tenha baixado para 113 milhões (2017), a redução da pobreza é muito lenta e deixou de fora grupos chave.
  • o reconhecimento de que o combate à pobreza e às desigualdades requer sistemas fiscais e de prestações inclusivos e eficientes, adequação e cobertura das prestações, aumento dos salários, bem como uma melhor cobrança de impostos e partilha da carga tributária.
  • o foco no acesso à educação / formação de qualidade ao longo do ciclo de vida, nos serviços sociais e no investimento em habitação a preços acessíveis – são necessários mais detalhes e uma maior especificidade sobre estas questões.
A primeira referência à sociedade civil na AGS como um parceiro de diálogo, a fim de ganhar legitimidade e apropriação e “melhores soluções socioeconómicas”.



No entanto, a EAPN está preocupada com o fato de que continuem a insistir e a priorizar o investimento privado, o crescimento e a restrição fiscal. Um verdadeiro reequilíbrio das prioridades económicas e sociais deve traduzir-se em:
  • Promover ativamente o investimento social público para reverter o impacto negativo da austeridade.
  • Um roadmap concreto / ação para explicitar como todos os direitos sociais no Pilar Europeu dos Direitos Sociais serão progressivamente implementados e monitorizados, com o necessário apoio financeiro e económico através do Quadro Financeiro Plurianual (QFP).
  • Uma estratégia integrada para reduzir rapidamente a pobreza que garanta o acesso a empregos de qualidade, rendimento mínimo / proteção social adequados, serviços públicos de qualidade, incluindo habitação social, permitindo flexibilidade fiscal para garantir o investimento.
  • Reduzir a desigualdade por meio de políticas de distribuição e redistribuição mais justas: salários dignos, políticas progressivas de impostos / prestações e investimento em serviços públicos de qualidade.
  • Assegurar que os fundos da UE não estejam ligados apenas às Recomendações Especificas por País (Country Specific Recommendations – CRSs) sobre as "reformas económicas," mas "reformas" no investimento social para garantir direitos sociais fundamentais, que reduzirão a pobreza e a desigualdade a partir do Princípio 14 do Pilar Social - rendimento mínimo adequado.
  • Continuar a considerar as organizações da sociedade civil um verdadeiro parceiro. O considerando 11 das novas Orientações para o Emprego fornece uma nova base jurídica para o envolvimento da sociedade civil no Semestre Europeu e requer orientações concretas e um novo processo acordado para um compromisso estruturado com organizações da sociedade civil como parceiros iguais, a nível nacional e da UE, bem como o investimento na capacitação e participação efetiva.
Finalmente, um compromisso real com o reequilíbrio requer não apenas a inserção de referências sociais positivas, mas uma mudança de nome, objetivos e abordagem - Transformando o Semestre num Semestre Social e Sustentável, com uma Análise Anual Social e Sustentável e o redesenhar do Pacto de Crescimento e Estabilidade, enquanto Pacto de Estabilidade e Bem-Estar, seria um sinal vital de que a UE pretende construir uma Europa Social e Sustentável que coloca a defesa dos cidadãos e do planeta acima dos mercados e das empresas. 




[1] Carta da EAPN dirigia ao Presidente Juncker sobre a AGS (em inglês, datada de outubro de 2018), Mensagens chave: Garantir que as políticas macroeconómicas promovam os direitos sociais e a redução da pobreza; 2) Progredir ao nível da redução da Pobreza e respeito pelos direitos sociais, através de uma estratégia integrada de luta contra a pobreza, um road map/plano de ação do PEDS; 3) Investir em Emprego de Qualidade – como garantia que ninguém é deixado para trás; 4) Igual acesso à educação e aprendizagem da vida para todos; 5) Aumento do Financiamento Europeu para o combate à pobreza, apoiando a inclusão ativa; 6) Fazer da Participação um motor e considerar a sociedade civil como um parceiro igual.
[2] Declaração Final da Assembelia Geral da EAPN (em inglês, setembro de 2018)


Para mais informação  contacte Sian Jones (Policy Coordinator) sian.jones@eapn.eu, ou Elke Vandermeerschen (Comunicação) elke.vandermeerschen@eapn.eu | Tel. +32 2 226 58 50




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