16º Encontro de Pessoas em Situação de Pobreza


16º Encontro de Pessoas em Situação de Pobreza
“apostar na dignidade no trabalho é combater a pobreza”

O 16º Encontro de Pessoas em Situação de Pobreza acontece hoje e amanhã, em Bruxelas. Mais uma vez, a EAPN Portugal faz-se representar e dá voz a quem, habitualmente, não a tem. A Focussocial ouviu Ana Falcão, Cidália Tomé Barriga e Francisco Rico, um dia antes de embarcarem, convictos da mensagem de que são portadores: “apostar na dignidade no trabalho é combater a pobreza”. Este ano, é o mote do encontro que reúne pessoas que já vivenciaram ou vivenciam situações de pobreza e exclusão social.

“É a primeira vez que participo e estou muito entusiasmada. Levar esta mensagem aos decisores políticos é um trabalho aparentemente invisível mas eu acredito que, levando a minha experiência de vida, sendo porta-voz de uma mensagem positiva, estou a contribuir para a mudança. Vamos levantar problemas, propor soluções, partilhar experiências. É esta a atitude que a EAPN Portugal nos proporciona, uma atitude ativa, porque ser ativo faz toda a diferença e só assim contribuímos para a efetiva mudança”, explica Ana Falcão, 50 anos, desempregada, a viver em Bragança.

Do mesmo modo, Francisco Rico, 55 anos, desempregado, de Aveiro, está apostado em levar uma mensagem de esperança que permita a mudança efetiva. “ Pelo menos, a EAPN Portugal dá-nos esta possibilidade, de levar a nossa voz a ser ouvida por quem toma decisões políticas”. Cansado de ouvir sucessivos “nãos” ou então de nem ouvir nada, Francisco faz por não desmotivar na sua procura diária por um trabalho.  “A idade leva a que as pessoas nos excluam sem sequer nos ouvirem. No meu último emprego tive um acidente de trabalho e depois, despedido, sem me darem outra oportunidade. E diziam-se meus amigos. Aprendi tarde que não se deve misturar amizade e trabalho. Mas ainda não desisti e a minha colaboração com a EAPN Portugal dá-me ânimo”. Ao seu lado, Cidália Tomé Barriga, reforça: “ trabalho é trabalho; conhaque é conhaque". Eu já aprendi, Francisco, diz de sorriso rasgado, otimista e cheia de energia. Cidália tem 43 anos e é de Évora. Já não é a primeira vez que integra a delegação portuguesa neste encontro, em Bruxelas e colabora, como voluntária, no Núcleo Distrital de Évora da EAPN Portugal.

“Vivemos na sociedade do umbigo e por isso temos de agir no sentido de fazer com que as pessoas levantem a cabeça e olhem nos olhos de quem têm à volta. E é isto que eu sinto quando como agora dou o meu contributo para a EAPN Portugal. Este ano, gosto particularmente do tema, tocamos na ferida, porque sem um trabalho digno, não conseguimos sair da linha de pobreza”, diz convicta da mensagem que leva a Bruxelas. “Um trabalho não pode ser precário, um trabalho tem de permitir viver com dignidade e não sobreviver”.


O direito a ter um trabalho é um direito importante na vida do ser humano, permitindo a sua própria realização e desenvolvimento, assim como o seu contributo para uma sociedade mais inclusiva. Contudo, é importante salientar que o acesso a um emprego não é a condição única para a inclusão social dos cidadãos. O emprego precário conduz igualmente ao aumento das desigualdades e da precariedade entre as pessoas. 

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