Uma experiência de voluntariado


Ana Maria Braga da Cruz, membro da Direção da EAPN Portugal, fala da sua experiência como voluntária


« E a sua experiência como voluntária? Quer partilhá-la com os nossos leitores?

Faço voluntariado desde muito jovem e essa dimensão foi fundamental para mim. A solidariedade que me ensinaram a construir com colegas de escola foi um início. Considero uma experiência fundamental no crescimento da pessoa e sinto que essa dimensão deveria ser mais trabalhada junto das crianças e jovens.
Entre outras experiências, colaborei no apoio a crianças e famílias em bairros degradados, a mulheres e crianças vítimas de violência, a populações rurais especialmente carenciadas, a pessoas em situações de solidão e com dificuldades de relacionamento.
Aprendi que o mais importante - e o mais difícil - é ouvir e ser empático. É caminhar ao passo do OUTRO, calçando os seus sapatos. Não resolver as coisas em nome dele, mas com ele.
É evidente que experimentei situações gratificantes: uma família que me considerou seu membro e me telefonou avisando da morte de um parente; um jovem pai que chorou no meu ombro a morte do seu bebé e com quem partilhei essa dor; alguém que readquiriu o gosto pela vida após a nossa conversa; mulheres que ultrapassaram situações trágicas de violência e quiseram partilhar isso comigo; o sentimento/responsabilidade de ser considerada a única amiga de alguém. A consciência de que a minha palavra, a minha escuta, a minha presença, o meu silêncio atento é essencial na vida de uma pessoa. A certeza de que um abraço, uma lágrima ou uma gargalhada são importantes. A responsabilidade de partilhar o pouco que se sabe e pode. A tentativa de comunicar alguma força anímica e, ainda, o vazio e angústia que se experimentam porque, aparentemente, não conseguimos ajudar a ultrapassar determinada situação.
Penso que é importante o voluntário ter consciência de que não vai mudar o mundo todo: mudará uma pequeníssima parcela. E nem sempre! Mas a contribuição de todos é fundamental. Disso, não duvido. »

Pode ler a entrevista na íntegra  AQUI